Água: Empresa municipal de Guimarães empola facturas para "obrigar" consumidores a permitir acesso aos contadores

Guimarães, 15 Out (Lusa) - A Empresa de Água e Saneamento em Guimarães e Vizela está a empolar propositadamente as facturas para "obrigar os clientes a revelar quanta água consomem", admitiu hoje à agência Lusa o presidente da Vimágua.

"O critério pode ser discutível, mas é 100 por cento eficaz", sustentou António Castro, presidente do Conselho de Administração da Empresa de Água e Saneamento de Guimarães e Vizela (Vimágua).

O responsável sustentou que o aumento das facturas "é propositado para obrigar os utentes a fornecer a leitura dos contadores".

Com leituras obrigatórias de dois em dois meses, há consumidores, segundo António Castro, "que não fornecem os valores da água consumida nem permitem o acesso dos técnicos da Vimágua".

"É uma forma de obrigar as pessoas a falar connosco e a dizer-nos quanta água estão a consumir", salientou.

A Lusa soube que diversos consumidores foram confrontados, no último mês, com facturas de água e saneamento que "estes consideraram empoladas".

Um dos consumidores disse ter sido alertado pelo seu banco para o elevado valor da factura a pagar: 460 euros.

As instituições bancárias, nos casos em que o pagamento é feito por transferência, têm "avisado" os consumidores das contas elevadas que têm para pagar.

"Já tive uma factura que ultrapassava os 500 euros", revelou à Lusa uma professora, residente em Guimarães.

De factura na mão, a consumidora deslocou-se à sede da Vimágua e ficou "chocada" quando lhe disseram que o erro tinha sido propositado.

"Andam a brincar com as pessoas. Eu trabalho durante todo o dia, como é que posso permitir que vá alguém a minha casa ver o contador da água", salientou a docente.

A solução, referiu, passou mesmo por faltar ao emprego e deixar "25 crianças sem aulas para poder mostrar o contador aos técnicos da Vimágua".

A Lusa soube de diversas situações de clientes que se dirigiram aos serviços da Vimágua a pedir esclarecimentos.

Ao balcão, os funcionários informam que a factura foi aumentada e marcam uma data para ir ver o contador.

"Logo que temos o consumo correcto e actualizado, a factura anterior é anulada e é emitida uma nova factura já com os valores reais", salientou António Castro.

No entanto, esta medida está a suscitar polémica nos concelhos de Guimarães e Vizela.

"Em vez de aumentar as facturas, a Vimágua podia cortar o fornecimento de água, obrigando ao pagamento de 71 euros de taxa de religação à rede", sustentou o responsável.

António Castro considerou que "com o aumento do valor da factura se obriga, da mesma forma, os consumidores a provarem quanto gastam de água e saneamento mas sem a chatice de cortar a água".

EYM.

Lusa/Fim

in jn

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