Despiste da carrinha onde seguiam aconteceu perto de Segovia. Só o condutor sobreviveu
Ontem
GINA PEREIRA, com Nuno Passos e Carlos Rui Abreu
Quatro homens residentes no Norte, três imigrantes e um português, morreram ontem, segunda-feira, de madrugada num brutal acidente de viação em Espanha, quando regressavam a Madrid para trabalhar. Só o condutor sobreviveu.
O acidente aconteceu pelas 2.30 horas da manhã perto de El Espinar, Segovia, ao quilómetro 63,1 da AP-6, a auto-estrada que liga a Madrid. Segundo testemunhas citadas pelas agências, o carro em que as vítimas seguiam, uma carrinha Renault Trafic de matrícula portuguesa, terá saído pela berma esquerda da auto-estrada, galgado o rail de protecção e capotado várias vezes. A Guardia Civil não avançou qualquer causa para o acidente, mas admite-se que o cansaço (a viagem durava há mais de cinco horas) possa ter estado na origem do despiste.
As quatro mortes foram confirmadas no local pelas autoridades e só o condutor do veículo, um jovem de 22 anos residente em Estela, Póvoa do Varzim, sobreviveu. Foi transportado em estado grave para o Hospital Geral de Segovia onde, segundo disse, ao JN, fonte da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, permanece internado mas sem correr perigo de vida.
As vítimas mortais têm entre 31 e 45 anos e, ao que o JN apurou, trabalhavam para uma empresa de demolição e construção de pavimentos com sede em Viana do Castelo, a \"Pavicorfel\". Na noite de domingo, os cinco homens juntaram-se após um fim-de-semana em casa com as famílias e fizeram-se à estrada para mais uma semana de trabalho em Espanha.
Um familiar de uma das vítimas mortais, um brasileiro de 31 anos residente em Remelhe, Barcelos, disse ao JN que \"provavelmente\" os ocupantes da viatura se revezavam na condução, mas não soube garantir este facto. De acordo com a mesma fonte, que pediu o anonimato, a empresa para a qual o familiar trabalhava foi \"incansável\". \"Enviou gente para Espanha, deu um apoio extraordinário. Trataram-nos com muita dignidade e perceberam a dor que sentimos\", disse, adiantando que durante o dia de hoje deverão saber a data da trasladação dos corpos, ontem autopsiados.
As outras vítimas mortais são um cidadão ucraniano, de 38 anos, residente em Viana do Castelo, um angolano de 43 anos, residente em Rio Tinto e um português, de 45 anos, natural de Santa Eulália, Vizela. Ernesto Gomes Torres, ex-mecânico de automóveis, residente em Infias, tinha ido trabalhar há cerca de dois anos para a construção civil em Espanha, depois de ter ficado desempregado.
Segundo Albano Ribeiro, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Norte, neste momento há entre 45 a 50 mil portugueses a trabalhar na construção civil em Espanha. Devido à crise no sector, \"mais de 20 mil\" já terão ido para França. O sindicato teme que as viagens ainda mais longas possam aumentar o número de mortos nas estradas e, amanhã, vai apresentar propostas para travar este drama.
fonte: JN
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