A Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional puniu hoje o Gondomar e o Vizela com a desclassificação por corrupção em seis e um jogo, respectivamente, na época 2003/2004, quando competiam na II Divisão B.
O Gondomar, que já tinha descido por ter sido último classificado na Liga de Honra de 2008/2009, foi punido com desclassificação e 78.000 euros de multa, por ter sido provada corrupção activa em seis dos 22 jogos que estiveram em causa. Dois casos foram arquivados e em 14 apenas foi provada corrupção na forma tentada.
Já no caso do Vizela, desclassificado e multado em 5.000 euros, a prevaricação foi consumada num jogo com o Fafe, em que o então vice-presidente do clube Benjamim Castro (suspenso por 2,5 anos e punido em 10.000 euros) corrompeu o árbitro Pedro Sanhudo, em troca de equipamento para uma associação à qual este pertencia.
Gondomar e Vizela, que então disputavam a II divisão B, têm três dias para recorrer para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que tomará uma decisão definitiva. Esta será, depois, transmitida à Comissão Executiva da Liga, que tratará de aplicar as resoluções do órgão federativo.
A decisão da despromoção do Gondomar não têm consequências em termos desportivos, uma vez que o clube havia ficado no último lugar da Liga de Honra, enquanto uma possível descida do Vizela pode salvar o Boavista, penúltimo.
Pelos ilícitos do Gondomar, José Luís Oliveira (na altura presidente do clube) foi suspenso por nove anos e punido com 78.000 euros de multa, enquanto Joaquim Castro Neves (vogal da comissão de gestão) foi suspenso por seis anos e deve pagar 43.750 euros.
\"Estes casos foram julgado segundo os regulamentos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), bem mais brandos do que os da Liga Portuguesa de Futebol Profissional\", esclareceu Ricardo Costa, presidente da Comissão Disciplinar.
Ambos os prevaricadores já abandonaram os respectivos clubes, sendo que o primeiro é o actual vice-presidente da câmara de Gondomar e o segundo vereador do Ambiente de um executivo liderado por Valentim Loureiro, que também foi visado no processo, na altura enquanto presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.
\"Neste sistema clandestino e anti-regulamentar para beneficiar o Gondomar, escolhendo e influenciando ainda a nota do árbitro, faziam parte um conjunto de outras pessoas envolvidas em contactos e metodologia, casos de Henrique Nunes (treinador), Francisco Costa (Conselho de Arbitragem da FPF), Valentim Loureiro, Pinto de Sousa (presidente CA FPF) e Carlos Carvalho (CA AF Porto)\", revelou Ricardo Costa.
O dirigente informou que os contactos diversos promovidos pelos dirigentes do Gondomar \"eram feitos antes e após os jogos, com ofertas de objectos em ouro e a promessa de boa nota no desafio ou mesmo a garantia de que no final da época não desceriam de escalão\".
\"A prova permite concluir ainda que árbitros em determinados jogos violaram consciente e deliberadamente a aplicação da Lei do jogo e com isso conseguiram beneficiar o Gondomar. Houve atropelos, violações intencionais das leis do jogo para corresponder a uma contrapartida e assim beneficiar o Gondomar\", vincou.
Quanto ao Vizela, o dirigente revelou contactos telefónicos entre Benjamim Castro e Pedro Sanhudo, em que este revela factos da sua actuação ilícita e o primeiro lhe recorda os bens materiais em troca da arbitragem favorável.
\"Conseguimos identificar isso no diálogo entre ambos. (Sanhudo) diz pormenorizadamente como deixou de marcar um penalti a favor do Fafe. Ia marcar falta, mas viu que era dentro da área e não marcou\", contou.
E acrescentou: \"Houve promessa de recompensa ou vantagem e demonstra-se, de acordo com os contactos, que houve uma recompensa clara depois de uma actuação parcial\".
Ricardo Costa realçou ainda o facto de a Comissão Disciplinar não poder fazer qualquer diligência processual, pois apenas recebeu o processo da FPF para que tomasse uma decisão final.
\"As diversas diligências processuais só ficaram concluídas a 14 de Maio, pelo que só agora a decisão foi tomada\", disse.
Agora, o Conselho de Justiça da FPF vai apreciar os processos (205 páginas o do Gondomar e 98 o do Vizela) e no fim emite uma decisão, que, depois de transitar em julgado, será aplicada pela Comissão Executiva da Liga.
\"Se calhar, a prioridade no CJ será a análise destes processos, já que está em causa a homologação dos campeonatos. O CJ tem revelado alguma sensibilidade nestes casos e espero que seja isso que aconteça\", vincou.
Comparando com situações análogas anteriores no processo Apito Dourado, o presidente da CD recordou que \"na altura não havia prova nos relatórios processuais em benefício do corruptor\", mas que \"agora há prova mais do que suficiente, em conversas antes e depois dos jogos\".
fonte: ojogo
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